Quando Duvido do Amor de Deus



"Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós, Ele enviou o seu filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio Dele. Nisto consiste o amor: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o seu filho como propiciação pelos nossos pecados" (1Jo 4:9-10)
Existem duas ocasiões quando Cristãos comprometidos tendem a duvidar do amor de Deus. A situação mais comum é quando nós, por alguma razão, nos tornamos imensamente conscientes de nossa falta de moralismo, que pode ser evidenciada em algum padrão persistente de pecado em nossas vidas ou, talvez, uma imoralidade total de nosso ser. Nessas horas, nós temos a tendência de pensar: "Como Deus pode amar alguém tão pecaminoso como eu?".

Em ambos os instantes devemos olhar novamente para a Cruz e ver Jesus carregando aqueles pecados todos que nos faz sentir tão culpados. E depois devemos nos lembrar que "Por nós [Deus] fez com que Ele se tornasse pecador sem nunca ter pecado, então nele talvez nós possamos nos tornar corretos para Deus" (2 Coríntios. 5:21). Deus tomou o nosso pecado- até mesmo aquele que causa sofrimento imediato- e cobrou isso de Cristo, e Ele tomou a sua perfeição e creditou a nós. Deus fez isso, não porque nós éramos agradáveis, mas devido ao seu próprio amor gerado. Como João disse no texto acima, "não foi devido ao nosso amor por Deus, mas o Seu amor por nós".

A segunda ocasião comum que temos a tendência de duvidar do amor de Deus é em momentos de adversidade. Podemos pensar: "Se Deus realmente me amasse, Ele não permitiria que isso acontecesse." Nessas horas de dúvida, precisamos olhar novamente para a cruz e ver Deus entregando Seu filho para morrer em nosso lugar (Romanos 8:32). Depois disso, foi neste contexto que Paulo perguntou: "Quem pode nos separar do amor de Cristo?" E algumas sentenças posteriores ele próprio responde a sua pergunta com uma afirmação estonteante: "nada será capaz de nos separar do amor de Deus em Jesus Cristo nosso Senhor" (Romanos 8:35-39).

O grande Puritano John Owen certa vez escreveu: "A maior dor e aflição que pode abater o Pai, a maior crueldade que você pode fazer com Ele é não acreditar que Ele te ama". Podemos esperar que Owen dissesse que a maior dor que poderia abater o Pai é omitir alguns pecados escandalosos que desonre o nome Dele. Certamente, o pecado faz com que Deus sofra, mas Owen nos diz que duvidar do amor Dele faz com que Ele sofra ainda mais. Então, quando tentar duvidar do amor de Deus, ou por causa de seu pecado ou por suas circunstâncias difíceis, olhe para a Cruz, e lembre-se que na Cruz, Deus provou Seu amor acima de qualquer dúvida. Na realidade, não espere por tempos difíceis. Olhe para a Cruz todos os dias para se fortificar contra aqueles tempos de dúvida e desencorajamento. Porém, tão glorioso quanto a verdade sobre o amor de Deus por nós, John não nos deixa apenas deleitarmo-nos neste amor por nosso mero prazer.

Deus prometeu nunca nos abandonar (Hebreus 13:5), suprir todas as nossas necessidades (Filipenses 4:19) e fazer com que todos os eventos aconteçam para nosso próprio bem (Romanos 8:28). Ele até mesmo disse sobre a disciplina que Ele impõe a nós de tempos em tempos, pois a correção faz com que compartilhemos mais e mais de Sua Santidade (Hebreus 12:5-11).

Da mesma maneira, devemos amar uns aos outros no Corpo de Cristo com afeto de irmãos (Romanos 12:10). Isso significa que devemos tomar conta uns dos outros, encorajando um ao outro, orando um pelo outro, e quando apropriado, ajudar um ao outro materialmente (1 João 3:16-18).

Obviamente, nunca poderemos amar um ao outro exatamente da mesma maneira, ou com a mesma intensidade, que Deus nos ama. Podemos perdoar, mas nunca podemos reparar o pecado do outro. E Deus é soberano em seu amor. Ele tem o poder de expressar o Seu amor de maneira total relacionada com Sua razão. Nós não podemos fazer isso. Nosso desejo sempre excede nossa habilidade de expressar nosso amor de maneira tangível. Mas nunca podemos perder de vista o Seu amor por nós, ou em relação a nossa base com Ele ou com o próximo. João disse, "Nós amamos porque Ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Note que o objeto de nosso amor é indefinido. João quis dizer que amamos a Deus ou ao próximo? O contexto sugere um ao outro. Mas acho que parece que o Espírito Santo conduziu João a deixar o objeto de nosso amor ambíguo, pois ambos são verdadeiros. Podemos apenas amar a Deus enquanto nós nos deleitamos no amor Dele por nós. E podemos amar ao próximo enquanto ponderamos continuamente o infinito amor de Deus por nós. Querido, deixe-nos amar uns aos outros, pois esse é o amor de Deus.

Jerry Bridges
Tradução: Gospel Translations
Editora Fiel